terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeira incursão na trilha do Marco 22 - 08/05/2012

Primeiro episódio do planejamento da travessia Ciririca - Graciosa

Toledo, Marco 22, eu e Joel


Os objetivos eram claros: encontrar o Rio Mãe Catira, subir seu leito até as 12h30 e voltar, sempre atentos a possíveis entradas de trilhas. Com isso teríamos uma estimativa de desempenho no rio, informação fundamental na hora de planejar a travessia. Também queríamos pegar o ponto em que devemos sair do rio, pois o Rio Mãe Catira e a travessia dele até o Marco 22 da Estrada da Graciosa compõem a última etapa da travessia Ciririca - Graciosa.

Fomos eu, o Joel e o Toledo. Pegamos o ônibus Curitiba-Paranaguá na rodoviária e chegamos ao mirante da Graciosa pouco antes das 9h00. Na ida, o motorista nos informou que o mirante não é ponto de parada para o ônibus na volta mas que ele pararia se nós acenássemos, e deixou claro que outros motoristas provavelmente não farão isso nas próximas vezes. Descemos do ônibus no mirante, descemos os cerca de 800 metros na estrada até chegarmos ao Marco 22 e começamos a trilha às 9h00 em ponto. A trilha no começo é bem batida e sem percalços. O fato da mata ser pouco densa naquela altitude facilita a caminhada mas dificulta a navegação, pois o pouco mato por vezes faz parecer que há trilha onde na verdade não há. Mas depois de algumas horas (o que não era o caso naquele momento) começa a ficar mais intuitivo identificar trechos de "não-trilha" pois há mudas despontando do chão.

Joel e Toledo descendo a Graciosa até o Marco 22

Mata atlântica pouco densa e bastante amigável nessa altura da serra

Os únicos obstáculos são troncos gigantes de árvores cruzando a trilha. Em vários pontos há marcas recentes de facão e e folhas grandes recém-cortadas caídas no chão, o que evidencia que alguém frequenta a trilha. A coisa vai sem dificuldades até a hora de descer a encosta que leva ao rio Mãe Catira. Ali não há trilha, a encosta é extremamente íngreme e há pouca vegetação pra se agarrar, basicamente composta de plantas com espinhos infames e xaxins e outras árvores sem consistência nenhuma, que descolam do chão no primeiro empurrão. Inclusive fica a dica: nunca use um xaxim como apoio, pois não vai te ajudar em nada e você provavelmente vai matar a planta arrancando-a do chão. A descida da encosta foi especialmente lenta, pois o Toledo, apesar de exímio corredor e esgrimista, não tem familiaridade nenhuma com os desafios e transposições de obstáculos que o montanhismo paranaense exige, e estava com o condicionamento físico um pouco enferrujado. Dessa forma, aos trancos e barrancos, chegamos à margem do rio às 10h30. Olhando o track no GPS constatamos que o caminho que fizemos vai praticamente em linha reta do Marco 22 ao rio Mãe Catira, enquanto que as imagens de tracks (os tracks mesmo não foram disponibilizados) que tínhamos de outros relatos cortavam pela floresta caindo no rio 950 metros acima de onde nós entramos. Note-se 950 metros no rio Mãe Catira naquela altura é um baita trabalho. Mas enfim, a trilha que encontramos foi aquela, e ela levava para o rio, que era o objetivo do dia.

Levamos uma hora para subir 230 metros no rio, pois nosso colega teve sérias dificuldades em transpor obstáculos e escalar pedras. Às 11h35, o Toledo resolveu esperar-nos em uma ilha que existe naquela altura do rio, e eu e o Joel subimos 615 metros em 40 minutos. Paramos às 12h15 poucos metros antes de onde desemboca a trilha a que me referi antes, mas não sabíamos. Na semana anterior eu havia identificado os pontos no Google Earth baseado nas imagens dos tracks, mas simplesmente esqueci de baixar os pontos para o GPS na noite anterior. O castigo foi percorrer o rio na volta. Mas de qualquer forma teríamos de percorrê-lo mesmo, pois tínhamos de resgatar o Toledo. Descemos o rio, encontramos o Toledo dormindo na ilha e voltamos tudo. A subida da encosta sem trilha foi a parte mais complicada, pois muitas vezes simplesmente não há onde se agarrar e o único recurso é cravar os dedos na terra. Subimos de volta ao mirante do alto da serra, lavamos as botas e as pernas, comemos a tradicional coxinha de aipim com caldo de cana, acenamos para o ônibus quando ele passou e voltamos para Curitiba. O Joel não tinha levado tênis e meia extras para voltar seco e obviamente pegou uma gripe.

Progresso da incursão...

...e quanto isso representou na extensão total da travessia


Conclusão: o buraco é muito mais embaixo e o desafio é muito maior do que imaginávamos, o que me deixou especialmente empolgado para voltarmos lá e medirmos desempenho novamente, dessa vez tentando achar a trilha, se é que ela existe. Com a declaração do Toledo que não participaria da travessia, uma nova incursão era obrigatória.

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