sexta-feira, 5 de junho de 2015

Tucum e Camapuã - 04/06/2015

Terceira vez minha nessas duas montanhas, que provavelmente são as mais frequentadas da Serra do Ibitiraquire. Subimos num ritmo bem tranquilo, aceleramos um pouco na volta e os tempos foram os seguintes:

06h18 - Saída do centro de Curitiba
06h52 - Estrada de acesso à Fazenda Bolinha
07h05 - Fazenda Bolinha
07h11 - Início da trilha
08h04 - Bifurcação Tucum / Ciririca
09h08 - Cume do Camapuã
09h18 - Partida para o Tucum
09h53 - Cume do Tucum
10h35 - Início do retorno
11h04 - Cume do Camapuã
12h33 - Bifurcação Tucum / Ciririca
13h20 - Fazenda Bolinha
13h36 - BR-116

Não levei GPS, mas tenho o tracklog da primeira vez que fui ao Tucum, incluindo a entrada na BR-116 e o caminho até a Fazenda Bolinha. O tracklog está com uma lacuna na rampa do Camapuã, mas é num trecho aberto e sem segredos, então não faz falta.

Fatos relevantes:

  • Na Fazenda Bolinha havia um grupo prestes a sair para a travessia Ciririca Graciosa. Eram 7h da manhã e eles estavam tranquilos e ainda não tinham saído, o que me chamou a atenção. Quando eu fiz a travessia, partimos às 6h30 preocupados, achando que estávamos saindo muito tarde. Mas essa é outra história.
  • As placas de bifurcação ganharam uma bela incrementada. Depois descobri que foi um trabalho do pessoal do CPM, que incluiu nova padronização das trilhas.
  • Na ida, encontramos três pessoas descendo (que haviam acampado) e duas acampadas no cume do Camapuã. Na volta passamos por muitos grupos que estavam subindo. Os cumes devem ter ficado lotados por volta das 13h. 
  • Foi interessante ver que o primeiro planalto (Região Metropolitana de Curitiba) estava tomado por neblina, enquanto no litoral o tempo estava limpo.
  • Na volta, nos campos de altitude do Camapuã, saímos acidentalmente da trilha e demoramos para perceber, o que nos consumiu uns 15 minutos.
  • Foi a oitava vez que fui à Serra do Ibitiraquire, e foi a primeira vez que peguei tempo limpo e visibilidade total durante toda a caminhada.
  • Ficamos com o plano de voltar e fazer a travessia até a Fazenda Pico Paraná, ou o inverso.

As placas da bifurcação ganharam uma incrementada

 Vista para a Serra da Baitaca na subida do Camapuã

  Pico Paraná visto do Tucum

 Pico Paraná visto do Tucum

 Pico Paraná e Ciririca vistos do Tucum

 Ciririca e Baía de Antonina vistos do Tucum

 Camapuã visto do Tucum


Na foto abaixo é possível observar como a neblina era intensa no primeiro planalto enquanto no litoral o tempo era seco e aberto.

 Serra da Farinha Seca e, atrás, o Conjunto 
Marumbi, vistos do Tucum

Bromélias na parte mais baixa da trilha

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Itapiroca - 24/05/2015

Informações úteis:

  • Os tempos típicos são 3h00 de subida, 1h30 de cume e 2h30 de descida;
  • Há fonte de água no caminho;
  • Aqui está o tracklog em formato KML, incluindo o ponto de entrada na BR-116 para acessso à Fazenda Pico Paraná, onde começa a trilha.


Primeira vez nessa montanha. A ideia era ir bem cedo para poder voltar e almoçar com a família. Mas na noite anterior fui dormir muito tarde e mudei os planos: acordaria um pouco mais tarde e almoçaria um sanduíche na montanha. Acordei às 7h00, fui buscar minha irmã e  minha prima na casa dos meus pais, e começamos a subida às 9h20.

O ritmo não foi muito forte porque as meninas não estavam habituadas a atividade física. Ainda assim foi acima da média, que é de 3h para subir e 2h30 para descer. Subimos em 2h30, e uma boa parte foi feita bem devagar porque nos avisaram que havia uma jararaca na trilha perto do cume e fomos prestando bastante atenção.

Quando a trilha sai da floresta e chega nos campos de altitude, pude constatar o que dizem por aí: que a visão mais bonita do Pico Paraná é a partir do Itapiroca. O tempo ajudou: ficava abrindo e fechando, mas as nuvens estavam sempre bem altas, vez ou outra tocando apenas o cume do PP. Quando fui ao Caratuva, ao Tucum e ao Camapuã não tive a mesma sorte.


Pico Paraná no melhor ângulo


Os tempos foram os seguintes:
  • 09h20 - Início da caminhada;
  • 10h34 - Pedra do Getúlio, parada de 10 minutos;
  • 10h50 - Bifurcação Pico Paraná - Caratuva (para o Itapiroca, pegue a direção Pico Paraná);
  • 11h12 - Corda;
  • 11h28 - Bifurcação Pico Paraná - Itapiroca;
  • 11h50 - Início dos campos de altitude;
  • 12h01 - Livro de cume (fica perto do cume, mas mais abaixo);
  • 12h07 - Cume (parada para comer);
  • 12h36 - Início do retorno;
  • 13h09 - Bifurcação Pico Paraná - Itapiroca;
  • 13h25 - Corda;
  • 13h44 - Bifurcação Pico Paraná - Caratuva;
  • 13h54 - Pedra do Getúlio;
  • 14h48 - Chegada na Fazenda Pico Paraná.
Lente olho de peixe para capturar o Pico Paraná, a Baía de Antonina e o Ciririca na mesma foto

Conclusão: vá ao Itapiroca.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Chapada dos Guimarães: Roteiro de um dia - 20/12/2014

O objetivo deste post é relatar e sugerir um roteiro de um dia na Chapada dos Guimarães, partindo de Cuiabá na início da manhã e voltando a Cuiabá no início da noite. Algumas informações relevantes:

  • O acesso à maioria dos lugares na Chapada, inclusive os que visitamos, só é permitido acompanhado de guia registrado.
  • Contato da guia Márcia Menezes: marcinhaguia@gmail.com / (65) 9241-7582.
  • Diária cobrada pela Márcia em dezembro de 2014: R$150,00.
  • Locação de caminhonete com tração nas 4 rodas (necessária para o Vale do Rio Claro): R$300,00 sendo tudo providenciado pela Márcia.
  • A distância entre Cuiabá e o município Chapada dos Guimarães é de 115 km, sendo que o Parque fica na metade do caminho.
  • O primeiro ônibus da Expresso Rubi sai de Cuiabá às 06h30 da manhã e o último ônibus sai de Chapada às 19h00 (a Expresso Rubi não possui site na internet e as informações de horários disponíveis em sites de turismo são desencontradas).
As fotos apresentadas neste post foram tiradas com um celular Moto G, que possui um modo de seleção automática de efeito HDR. Isso fez com que algumas fotos ficassem com um aspecto de retoque no photoshop. Só depois descobri que esse modo pode ser desabilitado no celular. Muitas pessoas não gostam de HDR, e eu sou uma delas. Porém, comparando algumas fotos HDR com outras fotos com o mesmo celular sem o efeito, todas feitas no dia, em muitos casos eu concluí que o HDR reproduziu com mais fidelidade as cores e contrastes percebidos a olho nu. Então sem problema. Para quem não está familiarizado com o aspecto que o HDR dá às fotos, segue abaixo um exemplo em que eu considero que o efeito ficou particularmente exagerado.

Exemplo de foto com HDR

Escolha do roteiro: Cidade de Pedra e Vale do Rio Claro

A viagem não foi motivada pela Chapada dos Guimarães. Íamos para o Mato Grosso, voando até Cuiabá. Como a Chapada fica próxima à capital, surgiu a ideia de ficar um ou dois dias lá. Quando pesquisamos as possibilidades de roteiro ficamos um pouco decepcionados, pois nenhum parecia especialmente interessante. O roteiro mais conhecido é o Circuito das Cachoeiras, e não somos muito fãs de cachoeiras. Encontrar uma cachoeira no caminho eu considero um baita privilégio, mas sair de casa com o objetivo específico de ver cachoeira é algo que não costumo fazer. 

Minha ideia inicial era subir o Morro São Jerônimo, mas na época chuvosa fica praticamente inviável. É possível que ainda volte para subir esse morro. Conversei com um colega de trabalho que já tinha visitado a Chapada e disse que o melhor passeio foi a Cidade de Pedra. Disse também que o passeio tem vistas realmente impressionantes, o que já me motivou mais, pois o cara viaja bastante. Liguei para a guia Márcia e disse que pretendíamos ficar apenas um dia, fazendo um bate-volta de Cuiabá. Ela falou que nesse caso a sugestão seria Cidade de Pedra e Vale do Rio Claro, que são dois trechos que preenchem bem um único dia e ela considera os mais bonitos. Como as duas sugestões coincidiram, não tivemos dúvida.

Localização

Este link no Google Maps leva para o trecho que compõe o passeio. A imagem abaixo, feita a partir do Google Maps, possui os lugares marcados e ajuda a entender por onde passamos, o que vimos e de que ângulos tínhamos as vistas.

Pontos relevantes no mapa

Cidade de Pedra

O passeio chamado de Cidade de Pedra se dá na parte superior da Chapada, no local marcado na imagem como "Mirantes", que são trechos de uma trilha situados à beira do penhasco. De lá tem-se uma vista privilegiada do conjunto rochoso que dá nome ao passeio. Existe uma estrada de chão que dá acesso a essa trilha. Antes de chegar aos penhascos, passa-se por algumas formações rochosas de arenito que sobreviveram à erosão, como nas imagens abaixo. Essas formações são comuns em toda a parte superior da chapada.

Formações em arenito

Chegando ao primeiro mirante, tem-se vista para a Cidade de Pedra à direita e a Trilha do Mel à esquerda, além de outras formações próximas. No meio, no recôncavo formado, nasce o Rio Claro, que logo perto da nascente já recebe o Rio Peciência como afluente.

A Cidade de Pedra leva esse nome pois tem o aspecto de prédios de uma cidade.

Vista para a Cidade de Pedra (HDR)

À esquerda, a vista é para uma formação conhecida como Trilha do Mel. Esse é o nome dado a uma trilha no morro, que costumava ser um roteiro bastante frequentado, mas que não tinha acesso permitido na época da nossa visita. A imagem abaixo mostra a Trilha do Mel. Ao final dela, no canto superior direito, aparece uma formação muito menor, que é a Crista do Galo. Lá é possível subir, e foi o que fizemos mais tarde, como será relatado mais à frente.
Vista para a Trilha do Mel

Olhando para a frente, tem-se uma ampla vista, dominada pelo vale do Rio Claro.

Vista para o Vale do Rio Claro, com trecho da Cidade de Pedra à direita

Andando poucos minutos na direção leste, chega-se a mais um trecho bem exposto da trilha, que possibilita belos mirantes. Fica bem em frente a um bloco rochoso que eu chamei de "Bloco" naquela imagem do mapa com os lugares marcados. Abaixo uma vista panorâmica, em que se destaca o bloco. À esquerda, na mesma foto, está um paredão que pode ser identificado num recôncavo mais agudo no mapa. 

Foto panorâmica a partir dos mirantes mais a leste

A seguir as vistas para a esquerda e para a direita a partir desses mirantes.

Vista à esquerda a partir dos mirantes mais a leste

Vista à direita a partir dos mirantes mais a leste

Na foto com a vista à direita é possível ter uma noção do tamanho dos paredões. A sensação de altura ao olhar para baixo na beira dos desfiladeiros é bem grande. Os paredões têm até 600 m de altura.

Vale do Rio Claro

Após comermos em uma pamonharia, descemos em direção ao Vale do Rio Claro. O desnível dá uma grande diferença no clima: lá em baixo é bem mais quente e úmido. Também dá diferença no tamanho da vegetação que, embora seja composta das mesmas espécies, tem estatura bem menor em cima em função da escassez de água no solo.

O acesso ao Rio Claro é por uma estrada num areal que exige tração nas quatro rodas.

Estrada de acesso ao Rio Claro

Após uma parada em um descampado com vista para os paredões, fomos até uma curva do Rio Claro onde a água é bem tranquila e possibilita flutuação e mergulho livre. Levei um snorkel na viagem, mas segundo a Márcia é possível alugar na cidade. O Rio Claro faz jus ao nome: a água é bem transparente e com muitos peixes. Não tínhamos recurso para tirar fotos debaixo d'água, então seguem essas tiradas da margem.

Snorkel no Rio Claro

Como esse trecho do rio é perto da nascente, é um berçário de peixes, contendo apenas espécimes bem novos e pequenos. O plano era mais tarde passar em outro rio com peixes maiores, mas o mau tempo nos fez mudar de planos, como descrito mais à frente.

Crista do Galo

Ainda no vale do Rio Claro situa-se o morro Crista do Galo, visível no mapa e nas fotos anteriores. Saindo do Rio Claro, seguimos na estrada de areia até o pé do morro. O morro é baixo e a subida é rápida, mas a vista é muito bonita. O tempo estava nublado mas com algumas janelas de sol que davam bastante contraste no visual. O morro tem esse nome em função dessas placas de arenito dispostas em linha reta. As placas são compostas por camadas de sedimentos que, em função de eventos geológicos, acabaram ficando dispostas na vertical.

 Vista noroeste a partir do morro Crista do Galo (HDR)

Vista nordeste a partir do morro Crista do Galo (HDR)

Vista sudoeste a partir do morro Cirsta (HDR)

Véu de Noiva

Como o tempo fechou e começou a chover, cancelamos o plano de voltar ao rio. Passamos então no mirante da cachoeira Véu de Noiva. Às 17h00 estávamos de volta na cidade de Chapada dos Guimarães.
 Cachoeira Véu de Noiva
Vale visível a partir do mirante da cachoeira Véu de Noiva

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ilha Grande - 02-03/11/2012

Eu bem que queria colocar aqui o tracklog gerado pelo meu GPS, embarcado no Google Maps. Mas acontece que esquecemos o aparelho ligado na volta para o Rio e o sistema de buffer circular com pouca memória fez com que todo o nosso percurso fosse sobrescrito pela viagem de ônibus de Angra ao Rio. Por isso, segue esse mapa que mostra as trilhas e que pode ser usado para acompanhar o relato:



A caminhada foi de uma barca (em Abraão) à outra (em Araçatiba), que partiu desta praia 5 minutos após nossa chegada. Somaram-se cerca de 15h acumuladas de caminhada. Fazendo questão de passar o domingo em casa, convenci meu amigo Gabriel de não darmos a volta completa, mas apenas meia-volta. Dessa forma, nosso plano era fazer Abraão - Dois Rios - Paranaioca no primeiro dia e Parnaioca - Aventureiro - Provetá - Araçatiba no segundo. Foi quase isso.

RIO DE JANEIRO - VILA ABRAÃO

A forma mais comum de ir à Ilha Grande é pegando a barca que vai de Mangaratiba (ao sul de Angra dos Reis) até a Vila Abraão, que é a vila mais populosa, próspera e movimentada da ilha. Chegamos à rodoviária do Rio pouco antes da 5h00 da manhã do dia 2, para pegar o ônibus das 5h00. A aventura já começa na rodoviária: o cara emitiu duas passagens e disse que aquelas não eram as passagens para Mangaratiba, mas que as usaríamos para entrar no ônibus para Mangaratiba. Como eu ainda estava meio sonolento, fiz questão de pedir para ele repetir, apostando que havia entendido errado. Mas não, era isso mesmo. Vai entender! E a brincadeira fica ainda mais interessante quando entramos no ônibus para Mangaratiba. O motorista pega as passagens (que não eram para Mangaratiba) e diz para nos sentarmos nas nossas poltronas, que eram da 40 em diante. Sim, isso mesmo, qualquer poltrona com numeração igual ou maior que 40. Ele falou a mesma coisa para mais algumas pessoas, e no final todo mundo foi sentado sem problemas. É o meu Brasil funcionando.

O ônibus deixa-nos em frente ao porto de embarque em Mangaratiba, de onde se pega a barca até a Vila Abraão. A barca comporta 500 pessoas e estava quase lotada. Eu, ainda morrendo de sono, vez ou outra era acordado pelos aplausos e gritos entusiasmados de um grupo de umas 20 pessoas ao nosso lado, cada vez que alguém na barca vomitava. Uma hora vi que a mulher que sentava à minha esquerda preparava-se para vomitar em uma sacola e me distanciei um pouco, pois sabia que só teria oportunidade de tomar banho à noite.

Por volta das 10h00 chegamos à Vila Abraão, com tempo nublado e às vezes chuviscando. O visual de praia com montanhas é interessante.


Vila Abraão

VILA ABRAÃO - DOIS RIOS


Depois de uma dar caminhada pela vila e comer algo numa padaria, começamos, por volta das 11h00, a caminhada pela trilha T14 até a vila de Dois Rios. Na verdade não é muito próprio chamar aquilo de trilha. É mesmo uma trilha até um certo pedaço, quando se encontra uma pequena estrada de chão que liga as duas vilas.

Deixando Abraão para trás

Um tangará na trilha

Chegamos a Dois Rios pouco antes das 13h00. Até 1994, a vila de Dois Rios abrigava um presídio, que foi então desativado e hoje é um pequeno museu. Presos famosos já passaram por ali, como Madame Satã, o traficante Escadinha (foi dali que ele efetuou a épica fuga de helicóptero) e Graciliano Ramos (que foi preso político por suposto envolvimento com comunistas durante a era Vargas).

Chegando em Dois Rios

Dois Rios

Presídio de Dois Rios

Depois de uma breve visita ao presídio, fomos comer no único estabelecimento da vila que serve refeições. O Gabriel observou que era a primeira vez que ele via engradados de Caninha 51. Acho que também era o meu caso. A facada de R$16,00 por pessoa é incompatível com a qualidade da refeição servida, com destaque para o peixe forrado de espinhos. Valeria muito a pena ter levado um fogareiro e preparado nosso próprio miojo com sardinha.

Le restaurant gastronomique à R$16,00

Outro problema do estabelecimento é a demora: passaram-se 1h15 desde o momento em que pedimos o prato até terminarmos de comer. Mas chega de reclamar.


Praia de Dois Rios
DOIS RIOS - PARNAIOCA

Uma passada rápida para ver a praia e, às 13h20, tomamos a trilha T16 em direção à Parnaioca. Trilha clara, consolidada, bem batida, sem desafios e sem surpresas. Para turista mesmo. Nessa trilha, observamos pela primeira vez algo que era percebido durante toda a caminhada na ilha: quase todos os riachos estavam secos. Embora o tempo estivesse úmido e chuviscoso, há tempos não chovia de verdade na região e a estiagem era clara no sistema de drenagem das montanhas.

Trecho da trilha T16

Riacho seco

Aqui também tem árvores bicentenárias

Aqui também tem bambuzal

Por volta das 17h30 chegamos à Parnaioca, onde pretendíamos acampar. Logo atrás da praia há um camping simpático e convidativo. Fomos dar uma olhada na praia, onde encontramos um cara local chamado Alexandre, com quem começamos a bater um papo. Eu perguntei se ele considerava uma boa ideia ir naquele mesmo dia até a Praia do Aventureiro. Ele disse que sim, que não havia grandes percalços. Apenas era necessária um pouco de atenção no costão que separa a Praia Sul da Praia do Aventureiro, pois quando a maré está cheia as ondas podem atingir o trecho onde se atravessa. Ele também nos explicou que é proibida a entrada nas praias Leste e Sul, mas que a guarda florestal só trabalha das 6h00 às 18h00 e que todo mundo que atravessa a ilha passa por lá. Então vamos. Às 17h50 partimos para atravessar a pequena Parnaioca em busca da trilha que leva à Praia do Leste (e que não consta nos mapas, pois é proibido entrar lá).

Panorama da Parnaioca

Igrejinha na Parnaioca

Pequeno riacho no fim da Parnaioca

PARNAIOCA - PRAIA DO LESTE

Passando o riacho ao fim da praia, a entrada da trilha está discretamente escondida. Perdemos cerca de meia hora tentando encontrá-la. Por volta das 18h40 achamos a trilha e começamos a subir. Essa trilha naturalmente é bem mais fechada, pois é bem menos frequentada. Dá para ganhar uns arranhões no braço e saborear algumas teias de aranha. 

Às 19h17 chegávamos (foras-da-lei) à Praia do Leste. O visual é inóspito. Uma praia gigantesca e absolutamente deserta. O desnível entre a faixa de areia e a restinga lembra um muro, o que dá a impressão de se estar num lugar civilizado, mas não é o caso. Olhando no horizonte é possível ver a ilha que separa as praias do Leste e do Sul.

Ao fundo, a ilha que separa as Praias do Leste e do Sul

Praias do Leste, do Sul e do Aventureiro vistas no Google Maps

Olhando para trás: à esquerda, o "muro" da restinga

Olhando para frente: é chão que some na neblina

PRAIA DO LESTE E PRAIA DO SUL


A ilha que separa as duas praias tem de ser transposta por trás, onde se forma um grande mangue. Segundo o Alexandre da Parnaioca, era possível atravessar o mangue andando sem problemas, pois a água nunca passa da cintura. 

Não recordo bem que horas chegamos à beira da ilha. Alguém já havia passado por ali naquele dia, deixando escrita a palavra LOBISOMEN (assim, com letras capitais e terminando com N) na areia, em dimensões que seguramente permitiam que a inscrição fosse vista dos aviões comerciais que sobrevoam a Ilha Grande na rota Rio - São Paulo. 

Tentamos achar uma alternativa a atravessar o mangue, mas evidentemente não havia: se houvesse, é por lá que as pessoas normalmente iriam. Entramos na água que estava pululando de (acredito) pequenos peixes. Logo que entramos a noite caiu e escureceu totalmente. Com lanternas de cabeça, fomos adentrando o mangue, cuja vegetação ia ficando mais espessa, deixando cada vez mais apertado o "túnel" de árvores sob o qual avançávamos. A profundidade deixava a água um pouco acima da cintura no trajeto todo. Ali não tiramos fotos, pois manter a mochila e e as botas fora da água e ainda segurar um facão (afinal que surpresas pode oferecer um mangue no meio do nada?) mantinham as mãos bem ocupadas. O "túnel" no mangue é um só, então não vimos grandes chances de pegar a direção errada.

A caminhada na Praia do Sul  (a maior e mais isolada praia da Ilha Grande) se deu à noite. Fomos com as lanternas apagadas para economizar pilhas. De vez em quando ligávamos uma lanterna e ficávamos impressionados com a quantidade de caranguejos sobre a areia. Tentamos registrar tirando fotos com flash, mas não deu certo.

SHOULD I STAY OR SHOULD I GO?

Também não sei ao certo que horas chegamos ao fim da Praia do Sul. Alí há um costão que a divide da Praia do Aventureiro. No momento não sabíamos que estávamos diante de um trecho que oferece risco considerável. A rocha do costão é extremamente íngreme, e em vários pontos há água escorrendo, o que a torna extremamente escorregadia. À noite, só com a luz das lanternas, de fato faltou informação visual para decidir o que fazer. O Gabriel queria avançar, mas eu insisti em voltarmos para a Praia do Leste e acamparmos ali, pois a claridade do dia nos daria as respostas que não estávamos encontrando naquele momento. A coisa é realmente perigosa: logo abaixo o costão forma um paredão rochoso onde as ondas batem revoltosas (é mar aberto). Escorregar ali com certeza não é uma boa ideia. E eu sinceramente não via possibilidade de atravessar sem um grande risco de escorregar. Convenci o Gabriel: voltamos e armamos acampamento.

PRAIA DO SUL - PRAIA DO AVENTUREIRO

Por volta das 06h45 acordei, abri a barraca e vi o belo visual da imensa praia deserta. Comemos, desarmamos a barraca, mochila nas costas e fomos em direção ao costão que nos fez ficar por ali na noite anterior.

Vista da barraca para a Praia do Leste

Vista da barraca para a Praia do Aventureiro

A barraca em frente a uma placa de "proibido acampamento"

O início do costão

Não tiramos fotos durante a travessia do costão porque as mãos estavam ocupadas em nos manter vivos, mas segue um pequeno relato. Na noite anterior eu percebi que não havia como passar sem atravessar um trecho muito íngreme e muito molhado. Dormi muito curioso sobre como se daria aquela travessia. A luz do dia trouxe a resposta: neste trecho existe um pequeno desnível na rocha, em que é possível pisar enquanto se completa a travessia apoiado à parede. Há um ponto em que esse trecho some e reaparece mais à frente, exigindo um passo bem grande com as pernas. Descrição que pede fotos, mas infelizmente é só o que temos. O fato é que dá para atravessar esse costão, mas são necessárias calma e atenção. Depois, segue-se uma caminhada pela superfície rochosa do costão até a Praia do Aventureiro, que no pedaço inicial é chama de Praia do Diabo (com certeza uma alusão ao costão).

Chegando à Praia do Diabo, às 8h45, vinha ao nosso encontro um grupo de três guardas florestais. Chegaram perguntando de onde viemos. A resposta foi uma tentativa de fuga pela direita: de Abraão. "Por onde?" é claro. "Por ali", apontamos para o costão. Depois de ouvirmos um justo sermão que incluía o valor da multa a ser paga por invadir a reserva, pedimos desculpas pelo transtorno e seguimos em direção ao Aventureiro. Não fomos multados: a praxis é mesmo apenas dar o sermão.

Pedras que dividem a Praia do Diabo da Praia do Aventureiro

O famigerado costão visto da Praia do Aventureiro

Igrejinha na Praia do Aventureiro

Chama o Monet! - Praia do Aventureiro

A Praia do Aventureiro é muito bonita. É uma pena o dia estar nublado. O ponto mais famoso da praia é um coqueiro torto, que caiu de uma encosta num desabamento, não morreu e continuou crescendo para cima.

O coqueiro que é atração turística na Praia do Aventureiro

PRAIA DO AVENTUREIRO - PROVETÁ


Comemos e, pouco antes das 10h00, partimos em direção a Provetá pela trilha T9. Por volta das 11h30 já avistávamos a praia de cima do morro. É uma enseada bem abrigada, como pode ser visto no mapa lá em cima. Às 12h00 em ponto chegamos à praia.

 Provetá vista do caminho que vem da Praia do Aventureiro

Provetá tem uma característica interessante: toda a vida social da comunidade parece girar em torno da igreja. Isso costuma ser comum em pequenas vilas de pescadores, mas aqui há uma peculiaridade: ao invés de uma capelinha de Nossa Senhora d'Alguma-Coisa, a igreja é uma Assembléia de Deus. Em conversas posteriores com outras pessoas que visitaram essa praia, ouvimos relatos que confirmam a importância que essa igreja tem na rotina e nos costumes da vila e como isso se reflete num notável conservadorismo dos locais. Algo em que reparamos é que absolutamente ninguém anda sem camisa. Quando chegamos (sem camisa) e cruzamos a principal rua da cidade, logo percebemos que nosso estilo estava sendo reprovado e vestimos as camisetas fedidas e encharcadas de suor.

Em Provetá algumas casas oferecem almoço aos turistas e passantes. Almoçamos numa dessas casas e, pouco antes das 13h30, pegamos a trilha T8 em direção a Araçatiba. Essa trilha é em boa parte acompanhada por uma linha de distribuição de energia elétrica, o que dá um ar de se estar em lugar civilizado, diferente dos caminhos que levam até ali.

PROVETÁ - ARAÇATIBA - ANGRA DOS REIS

Às 14h30 chegamos chegamos a uma pequena praia antes de Araçatiba, mais uma pequena trilha, e às 14h45 chegamos a Araçatiba. Lá descobrimos que um barco saía às 15h00 para Angra dos Reis. Tchau!

Praia antes de Araçatiba


Araçatiba

Cais de embarque onde pegamos o barco para Angra