terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Chapada dos Guimarães: Roteiro de um dia - 20/12/2014

O objetivo deste post é relatar e sugerir um roteiro de um dia na Chapada dos Guimarães, partindo de Cuiabá na início da manhã e voltando a Cuiabá no início da noite. Algumas informações relevantes:

  • O acesso à maioria dos lugares na Chapada, inclusive os que visitamos, só é permitido acompanhado de guia registrado.
  • Contato da guia Márcia Menezes: marcinhaguia@gmail.com / (65) 9241-7582.
  • Diária cobrada pela Márcia em dezembro de 2014: R$150,00.
  • Locação de caminhonete com tração nas 4 rodas (necessária para o Vale do Rio Claro): R$300,00 sendo tudo providenciado pela Márcia.
  • A distância entre Cuiabá e o município Chapada dos Guimarães é de 115 km, sendo que o Parque fica na metade do caminho.
  • O primeiro ônibus da Expresso Rubi sai de Cuiabá às 06h30 da manhã e o último ônibus sai de Chapada às 19h00 (a Expresso Rubi não possui site na internet e as informações de horários disponíveis em sites de turismo são desencontradas).
As fotos apresentadas neste post foram tiradas com um celular Moto G, que possui um modo de seleção automática de efeito HDR. Isso fez com que algumas fotos ficassem com um aspecto de retoque no photoshop. Só depois descobri que esse modo pode ser desabilitado no celular. Muitas pessoas não gostam de HDR, e eu sou uma delas. Porém, comparando algumas fotos HDR com outras fotos com o mesmo celular sem o efeito, todas feitas no dia, em muitos casos eu concluí que o HDR reproduziu com mais fidelidade as cores e contrastes percebidos a olho nu. Então sem problema. Para quem não está familiarizado com o aspecto que o HDR dá às fotos, segue abaixo um exemplo em que eu considero que o efeito ficou particularmente exagerado.

Exemplo de foto com HDR

Escolha do roteiro: Cidade de Pedra e Vale do Rio Claro

A viagem não foi motivada pela Chapada dos Guimarães. Íamos para o Mato Grosso, voando até Cuiabá. Como a Chapada fica próxima à capital, surgiu a ideia de ficar um ou dois dias lá. Quando pesquisamos as possibilidades de roteiro ficamos um pouco decepcionados, pois nenhum parecia especialmente interessante. O roteiro mais conhecido é o Circuito das Cachoeiras, e não somos muito fãs de cachoeiras. Encontrar uma cachoeira no caminho eu considero um baita privilégio, mas sair de casa com o objetivo específico de ver cachoeira é algo que não costumo fazer. 

Minha ideia inicial era subir o Morro São Jerônimo, mas na época chuvosa fica praticamente inviável. É possível que ainda volte para subir esse morro. Conversei com um colega de trabalho que já tinha visitado a Chapada e disse que o melhor passeio foi a Cidade de Pedra. Disse também que o passeio tem vistas realmente impressionantes, o que já me motivou mais, pois o cara viaja bastante. Liguei para a guia Márcia e disse que pretendíamos ficar apenas um dia, fazendo um bate-volta de Cuiabá. Ela falou que nesse caso a sugestão seria Cidade de Pedra e Vale do Rio Claro, que são dois trechos que preenchem bem um único dia e ela considera os mais bonitos. Como as duas sugestões coincidiram, não tivemos dúvida.

Localização

Este link no Google Maps leva para o trecho que compõe o passeio. A imagem abaixo, feita a partir do Google Maps, possui os lugares marcados e ajuda a entender por onde passamos, o que vimos e de que ângulos tínhamos as vistas.

Pontos relevantes no mapa

Cidade de Pedra

O passeio chamado de Cidade de Pedra se dá na parte superior da Chapada, no local marcado na imagem como "Mirantes", que são trechos de uma trilha situados à beira do penhasco. De lá tem-se uma vista privilegiada do conjunto rochoso que dá nome ao passeio. Existe uma estrada de chão que dá acesso a essa trilha. Antes de chegar aos penhascos, passa-se por algumas formações rochosas de arenito que sobreviveram à erosão, como nas imagens abaixo. Essas formações são comuns em toda a parte superior da chapada.

Formações em arenito

Chegando ao primeiro mirante, tem-se vista para a Cidade de Pedra à direita e a Trilha do Mel à esquerda, além de outras formações próximas. No meio, no recôncavo formado, nasce o Rio Claro, que logo perto da nascente já recebe o Rio Peciência como afluente.

A Cidade de Pedra leva esse nome pois tem o aspecto de prédios de uma cidade.

Vista para a Cidade de Pedra (HDR)

À esquerda, a vista é para uma formação conhecida como Trilha do Mel. Esse é o nome dado a uma trilha no morro, que costumava ser um roteiro bastante frequentado, mas que não tinha acesso permitido na época da nossa visita. A imagem abaixo mostra a Trilha do Mel. Ao final dela, no canto superior direito, aparece uma formação muito menor, que é a Crista do Galo. Lá é possível subir, e foi o que fizemos mais tarde, como será relatado mais à frente.
Vista para a Trilha do Mel

Olhando para a frente, tem-se uma ampla vista, dominada pelo vale do Rio Claro.

Vista para o Vale do Rio Claro, com trecho da Cidade de Pedra à direita

Andando poucos minutos na direção leste, chega-se a mais um trecho bem exposto da trilha, que possibilita belos mirantes. Fica bem em frente a um bloco rochoso que eu chamei de "Bloco" naquela imagem do mapa com os lugares marcados. Abaixo uma vista panorâmica, em que se destaca o bloco. À esquerda, na mesma foto, está um paredão que pode ser identificado num recôncavo mais agudo no mapa. 

Foto panorâmica a partir dos mirantes mais a leste

A seguir as vistas para a esquerda e para a direita a partir desses mirantes.

Vista à esquerda a partir dos mirantes mais a leste

Vista à direita a partir dos mirantes mais a leste

Na foto com a vista à direita é possível ter uma noção do tamanho dos paredões. A sensação de altura ao olhar para baixo na beira dos desfiladeiros é bem grande. Os paredões têm até 600 m de altura.

Vale do Rio Claro

Após comermos em uma pamonharia, descemos em direção ao Vale do Rio Claro. O desnível dá uma grande diferença no clima: lá em baixo é bem mais quente e úmido. Também dá diferença no tamanho da vegetação que, embora seja composta das mesmas espécies, tem estatura bem menor em cima em função da escassez de água no solo.

O acesso ao Rio Claro é por uma estrada num areal que exige tração nas quatro rodas.

Estrada de acesso ao Rio Claro

Após uma parada em um descampado com vista para os paredões, fomos até uma curva do Rio Claro onde a água é bem tranquila e possibilita flutuação e mergulho livre. Levei um snorkel na viagem, mas segundo a Márcia é possível alugar na cidade. O Rio Claro faz jus ao nome: a água é bem transparente e com muitos peixes. Não tínhamos recurso para tirar fotos debaixo d'água, então seguem essas tiradas da margem.

Snorkel no Rio Claro

Como esse trecho do rio é perto da nascente, é um berçário de peixes, contendo apenas espécimes bem novos e pequenos. O plano era mais tarde passar em outro rio com peixes maiores, mas o mau tempo nos fez mudar de planos, como descrito mais à frente.

Crista do Galo

Ainda no vale do Rio Claro situa-se o morro Crista do Galo, visível no mapa e nas fotos anteriores. Saindo do Rio Claro, seguimos na estrada de areia até o pé do morro. O morro é baixo e a subida é rápida, mas a vista é muito bonita. O tempo estava nublado mas com algumas janelas de sol que davam bastante contraste no visual. O morro tem esse nome em função dessas placas de arenito dispostas em linha reta. As placas são compostas por camadas de sedimentos que, em função de eventos geológicos, acabaram ficando dispostas na vertical.

 Vista noroeste a partir do morro Crista do Galo (HDR)

Vista nordeste a partir do morro Crista do Galo (HDR)

Vista sudoeste a partir do morro Cirsta (HDR)

Véu de Noiva

Como o tempo fechou e começou a chover, cancelamos o plano de voltar ao rio. Passamos então no mirante da cachoeira Véu de Noiva. Às 17h00 estávamos de volta na cidade de Chapada dos Guimarães.
 Cachoeira Véu de Noiva
Vale visível a partir do mirante da cachoeira Véu de Noiva